13 dezembro 2009

Problemas atuais da China

Na história de quase 30 anos do programa de reformas e abertura da China, a correção e superação desse conjunto de problemas atuais talvez seja o teste mais crucial pelo qual o Estado chinês deverá passar, para demonstrar sua capacidade de interferir e evitar que as leis de ferro do mercado se imponham totalmente.

Desde o início do século 21, o programa de reforma e abertura da China está sendo confrontado, principalmente, por problemas de ordem macroeconômica, social e ambiental. O ritmo de crescimento econômico estava muito acima do desejado, e as medidas para reduzi-lo de 10-11% para 6-8% ainda não haviam surtido efeito, apesar de estarem sendo tentadas desde 1999.
Os preços agrícolas domésticos na China mantiveram-se, em geral, inalterados, mas cresceram as pressões inflacionárias, decorrentes do ritmo de crescimento, sobre as matérias-primas, infra-estrutura e commodities internacionais. A inflação chegou a 8,7%, no último trimestre de 2007. Além disso, a agricultura persistiu nas dificuldades para manter um desenvolvimento sustentável. E as relações entre exportações e importações, investimentos e consumo, e entre os setores primário, secundário e terciário da indústria, apresentaram sérios desequilíbrios. A poluição do ar e das águas, assim como dos solos, chegou a um patamar que pôs em evidência o alto custo do crescimento, em termos de recursos e tensão ambiental.

O desemprego atingiu a marca de 4,5%, embora tenham sido criados 51 milhões de novos postos de trabalho, entre 2002 e 2007. Problemas relacionados com a distribuição da renda, segurança social, segurança no trabalho, educação, saúde, habitação, qualidade e segurança pública foram agravados, em particular nas vastas áreas rurais chinesas. Vieram à luz, com muita ênfase, as desigualdades campo-cidade e regionais, em termos de renda, investimentos e desenvolvimento.
Além disso, a administração pública chinesa continuou se vendo às voltas com formalismo e comportamento burocráticos exagerados, e com casos de fraudes, extravagâncias, desperdícios e corrupção. Esse quadro coincidiu com o fato, mensurável, de que a economia de mercado chinesa atingiu um razoável grau de desenvolvimento. As empresas privadas, nacionais e estrangeiras, são hoje responsáveis por mais de 50% do valor total da produção industrial do país.
Para complicar ainda mais essa situação, pioraram as incertezas internacionais e os riscos potenciais que podem afetar a economia e a sociedade chinesas. Aumentaram os desequilíbrios da economia global, com a redução do crescimento mundial, expansão da crise estadunidense, queda continuada do dólar, maior competição internacional, crise nos mercados financeiros, altas dos preços das commodities agrícolas e minerais, aumento do protecionismo e dos atritos comerciais, e ocorrência de fatores políticos desestabilizadores.
Na história de quase 30 anos do programa de reformas e abertura da China, a correção e superação desse conjunto de problemas atuais talvez seja o teste mais crucial pelo qual o Estado chinês deverá passar, para demonstrar sua capacidade de interferir e evitar que as leis de ferro do mercado se imponham totalmente.

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